segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Hiro, O GRANDE GUERREIRO

Um grande guerreiro não precisa de coisas pequenas para se sentir grande.
Ele precisa de coisas grandes para se sentir maior!


O MITO E A REALIDADE

                O título deste livro diz muito, da essência fascinante e mítica da história às irradiações poéticas nascidas dela. Uma bela síntese do universo lendário Oriental, com seus deuses e tradições que se corporificam e se emblematizam no menino Hiro, que, ao nascer para a vida, adquire unção quase divinatória de guerreiro de dimensão cósmica. É uma fantasia humana e pulsante, fugindo sempre da alegoria fácil e corporificando-se em alcance palpável de pleno realismo impressionista e poético.
                Não é fácil trazer a relevo tema desta natureza. A autora, que viveu muitos anos em país oriental, conhece de perto os costumes e os mitos quase divinatórios da região. Todavia, valendo-se da sua habilidade e talento, não direcionou a obra para o caminho da reportagem ou do ensaio. Valendo-se de personagem menino, tendo por geografia uma floresta, traz ao vivo uma sucessão continuada de surpresas míticas, que encanta e seduz qualquer leitor.
                A autora transpõe praticamente todo o texto para o campo das falas, uma dialogação intensa às surpresas continuadas, na fulguração da rica magia oriental.
                Não há como contar a história de Hiro, mas há como permanentemente senti-la. São muitas as veredas e vertentes, de símbolos,  magias e deuses, e levam o leitor a viver também essa bela, rica e multissecular tradição mitológica, vivamente plantada na realidade.
                Parece filme em preto e branco, que adquire no “caminhar” de Hiro, belezas de terceira dimensão. E se vê que a arte escrita adquire vida plena, para além das fantasias e mitos, quando nascida do talento de uma escritora deste nível.
                Do começo ao fim esta “fantasia” fascinante vai se transmutando de mito em realidade. E o final é de uma beleza única e surpreendente. O “mundo secreto” de Hiro se transfigura em quase prece ou hino de pulsante sensibilidade humana, num despertar mágico e real para a plenitude da Vida.
                                                                                              Caio Porfírio Carneiro
Escritor, Crítico Literário, Conselheiro da União Brasileira de Escritores