Um grande guerreiro não precisa de coisas pequenas para se sentir grande.
Ele precisa de coisas grandes para se sentir maior!
Ele precisa de coisas grandes para se sentir maior!
O MITO E A REALIDADE
O
título deste livro diz muito, da essência fascinante e mítica da história às
irradiações poéticas nascidas dela. Uma bela síntese do universo lendário
Oriental, com seus deuses e tradições que se corporificam e se emblematizam no
menino Hiro, que, ao nascer para a vida, adquire unção quase divinatória de
guerreiro de dimensão cósmica. É uma fantasia
humana e pulsante, fugindo sempre da alegoria fácil e corporificando-se em
alcance palpável de pleno realismo impressionista e poético.
Não
é fácil trazer a relevo tema desta natureza. A autora, que viveu muitos anos em
país oriental, conhece de perto os costumes e os mitos quase divinatórios da
região. Todavia, valendo-se da sua habilidade e talento, não direcionou a obra
para o caminho da reportagem ou do ensaio. Valendo-se de personagem menino,
tendo por geografia uma floresta, traz ao vivo uma sucessão continuada de
surpresas míticas, que encanta e seduz qualquer leitor.
A
autora transpõe praticamente todo o texto para o campo das falas, uma
dialogação intensa às surpresas continuadas, na fulguração da rica magia
oriental.
Não
há como contar a história de Hiro, mas há como permanentemente senti-la. São
muitas as veredas e vertentes, de símbolos,
magias e deuses, e levam o leitor a viver também essa bela, rica e
multissecular tradição mitológica, vivamente plantada na realidade.
Parece
filme em preto e branco, que adquire no “caminhar” de Hiro, belezas de terceira
dimensão. E se vê que a arte escrita adquire vida plena, para além das
fantasias e mitos, quando nascida do talento de uma escritora deste nível.
Do
começo ao fim esta “fantasia” fascinante vai se transmutando de mito em realidade. E o final
é de uma beleza única e surpreendente. O “mundo secreto” de Hiro se transfigura
em quase prece ou hino de pulsante sensibilidade humana, num despertar mágico e
real para a plenitude da Vida.
Caio Porfírio Carneiro